segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Terceira idade descobre o prazer de fotografar

Apesar de ser filho de fotógrafo, o aposentado Amaury Carpes, de 68 anos, nunca teve muita habilidade com fotografia. Isso começou a mudar quando, por estímulo da esposa, resolveu participar da oficina de fotografia oferecida por meio do projeto Ações para o Envelhecimento com Qualidade de Vida, uma das atividades de extensão do Programa Terceira Idade, da Unisc. Em nove semanas, um grupo de oito idosos, todos com mais de 60 anos, teve a oportunidade não apenas de conhecer as técnicas, a linguagem e a estética da fotografia, como ainda utilizá-la de forma a ser uma prática de lazer e expressão. A exposição inaugurada na noite de quinta-feira no segundo piso do Max Shopping Center é o resultado da experiência.

Esta é a segunda edição do projeto, sendo que a primeira aconteceu no semestre passado. Nas aulas, além do manejo com câmeras e de conceitos básicos de fotografia, como foco, ângulo, resolução e iluminação, os idosos aprenderam a trabalhar com o “pós-foto”, ou seja, descarregar e armazenar as imagens em computador, tratá-las e gravá-las em CD. No decorrer das semanas, a intimidade com as câmeras foi aumentando. “No começo eles estavam tímidos, tinham até medo de quebrar o aparelho, mas aos poucos foram ficando mais à vontade”, conta o orientador, César Lopes, aluno do curso de fotografia da Unisc, que atuou de forma voluntária.

Após conhecer todos os recursos das câmeras, Amaury descobriu que podia produzir imagens mais interessantes do que as que se acostumou a fazer ao longo da vida. “Passei a prestar atenção em detalhes das coisas e a fazer experiências”, conta. Hoje, ele, que sequer sabia mexer na máquina digital da filha, já ensina alguns macetes a ela. Já Eliseu Rohde, de 62 anos, conseguiu ao longo das aulas definir um estilo particular. “Descobri que gosto de fotografar principalmente crianças e natureza”, revela.

Segundo César, a evolução na produção ao longo das aulas foi grande, e os participantes demonstraram interesse em participar, fazendo sugestões e propostas. Além de passeios pelo campus da Unisc, durante os quais exercitavam os aprendizados, foram aproveitados eventos como a Oktoberfest e o Enart.

Para a coordenadora do projeto, professora Zélia Ohlweiller, a experiência modificou o comportamento dos idosos. “Com esse tipo de atividade, eles demonstram mais alegria de viver e até passam a enxergar o envelhecimento de uma forma diferente”, acredita. Além dela, participaram do projeto os professores Mirela Hoeltz e Hélio Etges. As fotos seguem expostas no shopping até o dia 2 de dezembro.



PROJETO

Criado em 1993, o Ações para o Envelhecimento com Qualidade de Vida beneficia cerca de 2,6 mil idosos e realiza mais de 30 mil atendimentos por ano. Trata-se de uma parceria entre os departamentos de Comunicação Social, Fisioterapia, Educação Física e Medicina, e envolve 20 pessoas, entre bolsistas, professores e voluntários. São oferecidas atividades de ginástica, caminhada, jogos adaptados e dança, além de experiências com cinema e radialismo. Mensalmente, é realizado um fórum de discussão sobre o envelhecimento na cidade. Com exceção da Fisioterapia, todos os serviços são gratuitos.



Fonte: Jornal Gazeta do Sul