terça-feira, 9 de junho de 2009

A diferença entre os cérebros dos homens e das mulheres - Por Simone Muniz


Qual a diferença entre o cérebro do homem e da mulher? Além dos 4 milhões de neurônios que já deram origens a muitas piadas, um estudo da Universidade de Stanford garante que a área do cérebro responsável pela memória emocional é maior nas mulheres. O estudo acompanha uma série de outras pesquisas sobre as diferenças concretas do cérebro feminino e masculino nos últimos anos. Os esforços da ciência significam a inauguração de uma era de maior tolerância e respeito às diferenças sexuais?

O Lóbulo Infero-Pariental já havia sido alvo de estudos na Universidade de John Hopkins. As conclusões de lá são que, além de guardar melhor do que os homens as imagens com apelo dramático, as mulheres falam mais e se expressam melhor. Compreendem mais os próprios sentimentos e as emoções dos outros e conseguem estabelecer melhor as relações entre as partes do corpo. Tudo isso parece estar relacionado ao lado direito do cérebro, mais desenvolvido no sexo feminino que no masculino.

Outra pesquisa, da Universidade de Yale, apresenta evidências de que os cérebros das mulheres, em sua maioria, processam a linguagem verbal simultaneamente nos dois hemisférios cerebrais, enquanto os homens se concentram mais no lado esquerdo. A área esquerda do cérebro está ligada à percepção do tempo e do espaço. Daí, os sensos matemático e de direção serem mais desenvolvidos nos homens.

Mas essas características não distinguem por completo os homens das mulheres. Os esforços da ciência em classificar os comportamentos masculino e feminino são apenas recursos para representar atitudes predominantes em cada sexo. "E levar a uma maior compreensão das diferenças de gênero", reconhece o doutor em neurofisiologia e professor da Unicamp, Renato Sabbatini. Tanto homens quanto mulheres possuem hormônios feminino e masculino, que influenciam no sistema nervoso. Ambos os sexos têm características masculinas e femininas, fundamentais para a sobrevivência.

Como podem, então, haver tantas diferenças comportamentais entre os dois sexos? Apesar de todas as pesquisas, ainda é um grande mistério para Ciência saber se as diferenças psicológicas entre sexos são biológicas ou culturais. "O feto, ainda na barriga da mãe, recebe influências dos hormônios dela, que podem ser tanto masculinos quanto femininos. Dependem do ambiente e da situação que a mãe vivencia", exemplifica o cientista. Portanto, até o bebê que não nasceu já tem seu comportamento influenciado pelos fatores culturais. Torna-se difícil dizer o que - além da anatomia, é claro - é natural do homem e da mulher.

Principalmente, porque a sociedade, por milhões de anos, difundiu a idéia de que as características femininas estavam atribuídas a determinados papéis sociais de cooperação e os homens exerciam uma função de caça e dominação. Na vida prática moderna, não é mais isso o que acontece. Papéis sociais mudam ou até se invertem. Quantas mulheres trabalham, homens cozinham e cuidam de crianças? E ambos provam serem capazes de se adaptar, sem perder sua função sexual.

"Apesar de, na maioria das vezes, predominarem as características psicológicas do sexo biológico, o cérebro humano está em constante dinâmica e transformação", explica Renato Sabbatini. Isso significa que, no plano individual, não dá para separar por completo as características de agressividade e competitividade, que predominam nos homens, das idéias de compreensão e cooperação, predominantes nas mulheres. "O humor e o comportamento humano oscilam a cada situação nova", afirma Sabbatini. Para que não haja desavenças, ambos princípios, masculino e feminino, devem se manter em equilíbrio e ser usados nos momentos adequados. É o que os chineses representam pelo símbolo de união do 'Yin e Yang'.