segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Estudo propõe construção de bairros adaptados aos idosos

Depois dos 60, eles tendem a morar sozinhos e nos grandes centros

Cada vez mais pessoas acima dos 60 anos estão optando por morar sozinhas, geralmente nos grandes centros das cidades, possivelmente pelos baixos custos e maior acesso a serviços e hospitais. A conclusão é de um estudo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, que montou um projeto com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

A tendência observada na pesquisa suscita preocupação devido ao crescente envelhecimento da população brasileira. Eles sugerem que as construções habitacionais supram a necessidade dessa faixa etária e melhorem suas condições de moradia. Ao mesmo tempo, deve-se reinserir o idoso na sociedade por meio de sua integração ao grupo social ao seu redor.

Baseado nas características atuais de habitação dos idosos, o estudo propõe a construção de um Núcleo-Base com 12 unidades de habitação adaptadas e com capacidade para dois moradores. A partir desse núcleo inicial, outros núcleos podem se agregar até que comunidades maiores sejam formadas.

— A idéia é que junto aos núcleos haja serviços de cultura e lazer ao idoso, bem como serviços de apoio para as necessidades do cotidiano, como auxílio para cozinhar, limpar a casa, lavar roupas, tomar remédios — explica a arquiteta Camila Mie Ujikawa, autora da tese.

O projeto prevê a construção dos núcleos em áreas centrais de cidades. Segundo Camila, essas áreas possuem muitos locais abandonados, onde, em geral, predominam o comércio e serviços.

— Isso acarreta uma movimentação social menor, porque não existem muitas residências.

Assim, o Núcleo-Base é uma opção de revitalizar áreas degradadas do centro e ao mesmo tempo promover melhores condições de habitação na região. Camila ressalta que é comum, em projetos de arquitetura cujo objetivo é a revitalização de áreas centrais, haver uma expulsão da população de baixa renda.

— As intervenções urbanas tendem a enobrecer a região e pela falta de condições financeiras de permanecer ali, as pessoas acabam deixando o local — declara a arquiteta.

Residências adaptadas

Uma residência onde moram pessoas de idade deve ter algumas adaptações para facilitar a rotina de seus moradores. O conceito desenvolvido pelo estudo da FAU sugere a construção de unidades habitacionais com corredores mais largos, banheiro maior e cozinha aberta, ou seja, integrada à sala.

— A ideia é a de o idoso necessitar da menor ajuda possível. Por isso, a cadeira de rodas foi muito considerada para que uma pessoa com mobilidade reduzida possa se locomover com mais facilidade.

O Núcleo-Base também visa melhorar as condições sociais desta população, não só porque os idosos passariam a conviver mais uns com os outros dentro de seu núcleo, mas porque o projeto leva em conta gostos, hábitos e necessidades.
Agência USP