São Paulo (Agência USP) - Um novo modelo para avaliar a acessibilidade de espaços urbanos para pedestres com alguma restrição de mobilidade foi criado por uma pesquisa da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. Intitulado “Acessibilidade relativa dos espaços urbanos para pedestres com restrições de mobilidade”, o estudo também criou uma escala de níveis de acessibilidade relativa para verificar os diferentes graus de dificuldade que um mesmo lugar pode apresentar a pessoas com limitação para se locomover.
Más condições das calçadas e travessias impróprias para uma caminhada, degraus e rampas fora das normas ou pisos em péssimas condições de manutenção e escorregadios. Essas são algumas dificuldades que podem ser encontradas por quem anda a pé. Porém, segundo Fabíola de Oliveira Aguiar, autora da pesquisa, estes problemas apresentam graus diferentes de impacto. “Eles podem apenas dificultar a caminhada de uma pessoa, mas também podem impedir totalmente a caminhada de outra”, esclarece.
Em função disso, o principal objetivo do estudo foi verificar a diferença de dificuldade que um mesmo local, como uma calçada com uma escadaria, impõe a pessoas com diferentes restrições de locomoção quando comparadas a pessoas sem restrições. “Algumas pesquisas anteriores propõem índices de qualidade para os espaços urbanos por meio da classificação dos problemas encontrados”, declara Fabíola. A novidade trazida pelo estudo da EESC, porém, é o fato de ser levada em consideração a questão de que os pedestres não são iguais, ou seja, possuem capacidades e habilidades distintas. “Foi possível perceber que os problemas encontrados apresentam graus diferentes de impacto na caminhada”, completa.
Escala
A escala de acessibilidade criada pela pesquisa tem cinco níveis, os quais variam de A a E. A faixa A é a de melhor acessibilidade de um local para uma pessoa sem restrição de locomoção e também para uma com restrição. Da mesma maneira, a faixa E representa o pior nível de acessibilidade de um lugar. Fabíola ressalta: “Um mesmo espaço urbano ainda pode apresentar um nível “B” para um grupo de idosos, por exemplo, e um nível “E” para um de cadeirantes, sendo ambos os grupos comparados a pessoas sem restrições de locomoção, daí a escala ser denominada relativa”.
Assim, a comparação entre quem possui e quem não possui dificuldade de locomoção permite uma avaliação mais específica dos espaços urbanos em relação às características de cada grupo considerado, no caso da pesquisa, pessoas com deficiência física (cadeirantes), visual (cegos) e idosos. “Dados mais detalhados podem fornecer apoio à decisão de planejadores e administradores urbanos”, pondera Fabíola, que lembra: “A avaliação pode ser ampliada com a introdução de novos grupos, como, obesos e gestantes”.