Aos 54 anos, poucos meses depois de ficar viúva, Cleonice Arroio
de Almeida, de 70 anos, passou em frente a uma escola que anunciava ser voltada
para a terceira idade. Resolveu entrar, sem compromisso. Hoje, 16 anos depois,
seus colegas de turma são como uma família. “A gente se preocupa em estar
presente uma na vida da outra. Se uma de nós está doente, as outras ligam para
saber se precisa de ajuda”, conta.

Daniel Teixeira/AE
Cleonice estuda só pelo prazer de
aprender
Quando começou a frequentar a Faculdade Aberta para a Maturidade Ativa,
Cleonice tinha se aposentado de suas atividades como professora e assistente
social havia quatro anos. Mas ficou durante o período inicial da aposentadoria
cuidando do marido. A volta aos estudos veio como um processo de superação da
perda e preenchimento do vazio que ficou com a morte dele.
“No início, foi muito importante a troca de experiência que encontrei na
faculdade. Apesar de a maioria ter netos e ser viúva, é gratificante ver como
até hoje aprendemos com a experiência das outras”, diz. A faixa etária de sua
classe varia de 60 a 89 anos. A maioria é composta de mulheres: só há dois
homens na classe de 22 alunos.
“Os homens são muito acomodados. Às vezes, quando a gente faz passeios com a
turma, os homens já reclamam e querem saber se é longe, enquanto nós topamos na
hora. Eles não querem saber. Colocam pijama e acham que a vida para ali”,
compara.
Mariana Lenharo, do Jornal da Tarde