Jornal da USP Publicado por admin - Sunday, 4 December 2011
No dia 18 de dezembro, todos os grupos do Coralusp se reúnem no Masp, em um único espetáculo que encerra a programação do ano. Entre os destaques estão as peças Magnificat-Alleluia, de Villa-Lobos, e Te Deum, de Dvorák
JÉSSICA CAMARGO STUQUE
As paredes do grande auditório do Museu de Arte de São Paulo ecoarão um misto de canções populares, eruditas e – como não poderia faltar em uma apresentação de final de ano – natalinas, de cerca de 300 vozes, no dia 18 de dezembro. É assim que o Coralusp encerra sua programação, em um espetáculo gratuito que reúne seus 11 grupos. No programa estão peças que já fazem parte do repertório do corpo artístico, com destaque para duas delas: Magnificat-Alleluia, de Heitor Villa-Lobos, e Te Deum, de Antonin Dvorák. Ambas foram apresentadas no concerto do coral junto à Orquestra Sinfônica da USP no último domingo, dia 4. De acordo com o diretor artístico e maestro Alberto Cunha, o espetáculo é uma oportunidade de apresentar as obras aos muitos que não tiveram a oportunidade de assisti-las uma vez que os ingressos se esgotaram muito rapidamente.
Escrita em 1958, no fim da vida de Villa-Lobos, a pedido da Associação Italiana de Santa Cecília, Magnificat-Alleluia demonstra o retorno do compositor à música sacra. A canção seria ainda doada ao Papa Pio XII por ocasião do ano dedicado à Nossa Senhora de Lourdes. Em sua primeira audição, o próprio Villa-Lobos regeu a canção no Theatro Municipal com a Orquestra Sinfônica Brasileira, no mesmo ano. Também com temática sacra é a canção de Dvorák. Tendo recebido uma incumbência da fundadora da National Conservatory, Jeanette Thurber, o compositor recorreu ao hino litúrgico católico Te Deum Laudamus, apelando à sua profunda convicção religiosa. A obra, no entanto, não ficou pronta a tempo e, somente duas semanas depois, foi entoada por um coro de 250 vozes conduzido por ele próprio. O hino possui três partes bem definidas que evocam a Igreja. Começando com o verso Te Deum Laudamos (Ao Senhor Louvamos), a primeira parte glorifica a Santíssima Trindade por todos os seres racionais; a segunda é uma exaltação a Jesus Cristo, e a terceira é uma súplica.
Todos os grupos do Coralusp se reúnem em única apresentação, no Masp (no alto). E no detalhe, dois dos 11 grupos que compõem o coral
Repertório – O concerto, com duração aproximada de 1h40, será composto por duas partes, ambas de repertório diversificado. Na primeira, cada grupo canta uma ou duas peças de seu repertório específico; e na segunda, todos os grupos se apresentam conjuntamente. Cantadas pelas vozes do Coral Dona Yayá, estão Weep, o mine eyes (John Bennet) e Maracangalha (Dorival Caymmi), regidas por Mauro Aulicino. O maestro, que também rege o grupo da Estação Ciência, ainda faz o arranjo de Ganga-Zumbi (Sérgio Santos e Paulo César Pinheiro). Sob a regência de André Juarez, o Grupo Azul interpreta O Canto das Três Raças (Paulo César Pinheiro).
Já no repertório da apresentação coletiva, além de Magnificat-Alleluia, de Villa-Lobos, e Te Deum, de Dvorák, estão previstas peças da música popular brasileira, como Berimbau (Vinícius de Morais), Maracajá (Alceu Valença) e Sina (Djavan); algumas canções da Renascença, como Tourdion (anônimo) e Hoy comamos y bebamos (Juan del Encina), além de algumas músicas tradicionais natalinas, como Glória e Adeste Fideles (anônimos), Natal (Tom Zé) e Noite Azul (Klecius Caldas e Armando Cavalcanti).
Histórico – Fundado há quase 50 anos por Benito Juarez e José Luiz Visconti, inicialmente o Coralusp reunia estudantes da Escola Politécnica e da Escola de Enfermagem. Desde o início, se preocupou em ter um estilo próprio, sintonizado com sua época, de maneira que o clássico e o popular pudessem convergir. Em 1989, o coral passou a integrar a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. Entre seus objetivos, está o estímulo à formação de músicos, oferecendo orientação em técnica vocal, história da música (popular e erudita), percepção musical, entre outros.
Desde o início foi aclamado pelo público e pela crítica especializada, tendo realizado grandes turnês pelos Estados Unidos, Europa, África e Argentina e ganhando cinco premiações da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como Melhor Coral do Estado de São Paulo. Atualmente é composto por 11 grupos e engloba um contingente de aproximadamente 650 coralistas, cada um com seu projeto de programa, agenda de ensaios e apresentações.
O Concerto de Encerramento do Coralusp acontece no dia 18 de dezembro, às 18h, no Grande Auditório do Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 3251-5644). Entrada franca.
Programação do mês
O Coralusp ainda desenvolve outras atividades neste mês. Na quinta, às 17h, acontece o seminário Canto Coral e Cultura com o tema “Música Erudita/Música Popular – composição e arranjo”, que conta com a participação de regentes do Coralusp e da maestrina convidada Mara Campos. Em seguida, o Grupo Zimana apresenta o programa “Músicas Ibéricas”, às 20h30, com regência de Alberto Cunha. Ambas as atividades acontecem no Anfiteatro Camargo Guarnieri. A programação segue com o programa “No Tabuleiro de Dorival… Samba, Canção e Madrigal”, que traz canções da Bahia, do Brasil e do Renascimento Europeu, sob regência de Mauro Aulicino (neste domingo, às 11h, na Casa de Dona Yayá). Estão ainda na programação duas apresentações do programa sob regência de André Juarez: a primeira, intitulada Samba no Coro, acontece neste domingo, às 20h, na Paróquia São Francisco de Assis; e a outra, Metal Melódico, será realizada na próxima sexta (16 de dezembro), às 20h30 e às 22h10, na Galeria do Rock – esta última reúne coral e banda de rock, interpretando músicas do Kiss, Queen, Beatles, Novos Baianos, entre outros. Todas as atividades são gratuitas. Mais informações no site www.usp.br/coralusp.
