domingo, 18 de dezembro de 2011

Subúrbio de Connecticut se adapta ao envelhecimento da população

 Judy Plouffe e sua mãe são fãs de passeios entre mãe e filha no pitoresco subúrbio de Southbury, em Connecticut, nos Estados Unidos. Elas comem pizza na sexta-feira à noite com seus vizinhos no Heritage Village, fazem viagens de van até o Shopping Danbury Fair e frequentam eventos em um local que costumava ser a antiga biblioteca da cidade. 

Sua mãe, Frances Lefevre, preferia levantamento de peso, tai chi e boliche no console Wii até que problemas de saúde fizeram com que ela parasse de se exercitar por um tempo. Mas recentemente, ela disse ter melhorado e que vai voltar a frequentar suas atividades na antiga biblioteca, onde agora funciona o Centro da Terceira Idade de Southbury. "Ela está bem", disse Judy, 64 anos, uma assessora de saúde aposentada que, como sua mãe, é viúva. "Ela tem problemas, mas qualquer pessoa de 92 anos de idade tem alguns. Eu sou uma das crianças por aqui." Idosos agora compõem uma parcela maior da população dos EUA do que em qualquer outra época desde que o governo começou a acompanhar esses dados. A região nordeste, e não apenas oa tradicionais redutos ensolarados para aposentados no sul e sudoeste, tem a maior porcentagem de pessoas acima de 65 anos, de acordo com o censo. 

 A vida de Judy e de sua mãe em Southbury é um registro intrigante do envelhecimento dos Estados Unidos nessa que já foi uma região forte na fabricação de laticinios e agora é um lugar onde os idosos não apenas são maioria, como também são, cada vez mais, a principal fonte de renda da cidade. Por enquanto, esse sistema funciona. Em longo prazo, a situação pode complicar. "Quando o Heritage Village foi aberto, eramos nós contra eles", disse o primeiro representante da cidade, Bill Davis, falando sobre o complexo de 55 anos, que tem mais de 1 mil hectares e cerca de 4 mil moradores, e foi inauguardo em 1967. "Mas agora, quase tudo o que fazemos os leva em conta. Isso é o que somos. 


Nós somos uma comunidade de idosos. " Mais de 30% da população de Southbury tem mais de 60 anos, certamente 40% até 2020. De acordo com o censo de 2010, a população nacional com mais de 62 anos cresceu 21% em uma década, em comparação com o crescimento de apenas 2,6% dos menores de 18 anos. Maine teve a maior média de idade, 42,7, seguido por Vermont, West Virginia, New Hampshire, Flórida, Pensilvânia e Connecticut, onde a idade média foi de 40 anos. Em 2000, nenhum Estado tinha uma idade média superior a 40. Leia também: Errar faz idosos aprenderem melhor, diz estudo Felicidade pode vir com a velhice, diz estudo Segredo da longevidade está nos genes, diz estudo Número recorde de jovens e idosos é desafio População mundial atingirá 7 bilhões em 31 de outubro Crescimento populacional em 50 anos preocupa China tem 1,3 bilhão de habitantes, indica Censo População da Índia cresce 'um Brasil' em 10 anos China se volta para cuidados a idosos com demência Além do Heritage Village, onde a idade média é de 77 anos, Southbury tem o centro para pessoas da terceira idade Grace Meadows, um complexo habitacional público para idosos, três centros de vida monitorada, e duas casas de saúde - tudo isso dentro de uma cidade com menos de 20 mil habitantes. 

 Não é bem um paraíso, mas alguns moradores dizem que chega perto. Ronald Cooper, 70 anos, um nativo de Southbury, cresceu em uma fazenda local, sem água encanada, luz ou aquecimento que não fosse da lareira. Ele ajudou a construir o Heritage Village, fez vários outros trabalhos e, em seguida, voltou a trabalhar lá como funcionário de manutenção. Às quintas-feiras, faz parte das 50 ou mais pessoas - talvez meia dúzia delas do sexo masculino - que aparecem no centro para idosos para o jogo semanal de bingo sediado por Vincent Ditaranto, 86 anos. "Não acho que podemos melhorar muito mais que isso", disse Cooper. "As pessoas se queixam de que não têm dinheiro e de questões fiscais, e se você não tem o suficiente para cuidados de saúde adequados, óculos, remédios e todas essas coisas, então isso se torna um problema. Felizmente, eu tenho quatro pensões. Não estou dizendo que nós somos ricos, mas vivemos confortavelmente. " É claro que para muitos, o conforto pode ainda estar inacessível, até mesmo em uma comunidade onde a população idosa é relativamente afluente. 

Residentes de longa data citam a falta de habitação acessível para as pessoas idosas. As 88 unidades de habitação pública tem uma lista de três a quatro anos de espera, com mais de 150 nomes. Judy e sua mãe, uma secretária aposentada, lutam para pagar as crescentes taxas de manutenção da Heritage Village, que chegam a quase US$ 500 por mês. Pergunte a maioria das pessoas e você vai ouvir suas preocupações com a questão financeira. "Quase todo mundo já perdeu boa parte de suas economias", disse Grethe Arthur, 79 anos, que faz patinação no gelo e participa de aulas de fotografia no Heritage Village."Todo mundo está sentindo isso, mas ninguém quer falar muito a respeito." Southbury e Connecticut, como grande parte da nação, enfrentam o enorme desafio de apoiar a sua população idosa. 


A questão da Previdência Social e o aumento dos custos dos seguros de saúde são dois problemas a serem resolvidos, já que o comitê de redução de déficit do Congresso não conseguiu chegar a um acordo no mês passado. Benjamin Barnes, diretor orçamentário do Estado, disse que os custos de Medicaid, que são compartilhados com o governo federal, são uma questão prioritária , que hoje consome quase US$ 5 bilhões, um quarto do orçamento do Estado. 


Um dos segmentos de mais rápido crescimento do Medicaid é o cuidado de enfermagem, com que o Estado tem tentado lidar ao incentivar o atendimento domiciliar como uma alternativa ao seguro de saúde institucionalizado. “A contenção de gastos com planos de saúde é um grande desafio para nós a longo prazo, e, obviamente, o envelhecimento da população é uma das tendências demográficas que tendem a ir contra nós'', disse. Além disso, as receitas fiscais municipais e estaduais enfrentam uma crescente pressão daqueles que dependem de pensões, em vez de salários. ''Se alguém que vive de pensão tem sua renda cortada pela metade, pensando como um homem que faz imposto de renda, eu acabo de perder metade dos seus impostos,'' ele disse. Mas há lados positivos em ter tantos aposentados ao redor. Southbury está enviando menos alunos à escola, mas continua a fornecer receitas fiscais para o distrito escolar. Além disso, um grande número de aposentados voluntários atua em agências e igrejas locais. 


Na classificação estatística de Connecticut, Southbury em ficou em oitavo lugar como uma das melhores cidades do Estado, entre as cidades de Madison e Stonington. E se o futuro é incerto em Southbury, sua organização e centros comerciais não demonstram tal insegurança. O guia para terceira idade da cidade demonstra o por que, com suas propagandas de advogados especializados em idosos, centros de saúde, residências de luxo e companhias que fabricam aparelho auditivo. No centro que abriu há quatro anos, o difícil mesmo para os visitantes muitas vezes é descobrir quais atividades fazer: Pilates ou Fit & Flex? Dança de quadrilha ou sapateado? Fotografia para recreação ou tênis de mesa? John Candella e Lenny Margolis, residentes do Heritage Village, condomínio de idosos em Connecticut jogam cartas Com dois joelhos operados, Evelyn Bowen, 77, uma quiropraxista de Nova York, faz aeróbica, yoga e dança espanhola, participa do bingo nas quinta-feiras no centro para idosos e canta o bingo nas sexta-feira no Heritage Village. 

Ela participa do Clube Celta, do Clube do Renascimento Italiano e do Clube das Mulheres Hadassah, quando não está passando o inverno na Flórida. "Eu ainda gosto de Nova York, mas esse é um lugar muito mais calmo para se viver", disse. "Ninguém aqui corre de um lado para o outro." Everett Park Hopkins, 88, que dirige o clube de fotografia do centro, disse que a política em Heritage Village é relativamente simples: a maioria das pessoas só querem garantias de que seus benefícios estejam protegidos e que os seus impostos sejam mantidos baixos. "Isso é muito bom se você consegue fazê-lo", disse. Resolver os grandes problemas pode ser uma tarefa para outra geração. No centro, eles lidam com problemas menores, desafios mais imediatos. Hopkins queria levar Arthur até o Heritage Village depois de sua aula de fotografia. Mas primeiro, ele precisaria se levantar da cadeira. Ele se inclinou para a frente, se apoiou em seus braços e com a sua ajuda se levantou. "E além de tudo, ela é forte", disse, enquanto os dois caminhavam lentamente em direção à saída. Por Peter Applebome