quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Fragilidade entre idosos paulistanos triplica em dois anos, diz pesquisa


03/02/10 - 14h05 - Atualizado em 03/02/10 - 14h05


Em 2006, síndrome atingia 14,1% dos pesquisados; em 2008, 45,4%.
Estudo é da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

Do G1, em São Paulo*

Estimamos que há 1,2 milhão de idosos na cidade de São Paulo e nossa pesquisa mostrou que metade deles é frágil, afirma pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da USP.

" Não adianta trabalhar para que as pessoas vivam mais se não pudermos fazer com que elas envelheçam com qualidade de vida"

A fragilidade em idosos atinge a população da cidade de São Paulo precocemente em relação aos países desenvolvidos e, depois dos 75 anos, avança rapidamente. A síndrome acometia 14,1% desse grupo em 2006. Dois anos depois, mais de 45% se encaixavam no grupo. A tendência foi identificada por cientistas da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), que avaliaram 689 pessoas com mais de 75 anos na capital paulista.
Entre os idosos frágeis, 46,9% sofreram quedas; deste grupo, 53,5% foram hospitalizados, dos quais 50% procuraram serviços de urgência.

“No exterior, a prevalência da fragilidade varia entre 7% e 35%”, diz Yeda Duarte, professora da Escola de Enfermagem da USP, à Agência Fapesp. A definição de fragilidade adotada pelo estudo foi desenvolvida por Linda Fried, pesquisadora da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. A fragilidade consiste em perda involuntária do peso, fadiga, diminuição da velocidade de caminhada, baixa atividade física e perda da força, medida por força de preensão manual (ato de agarrar, segurar).

“A ausência desses parâmetros indica que a pessoa não é frágil. A presença de um ou dois deles caracteriza a condição de pré-fragilidade – e entendemos que esse é o momento para uma intervenção. Três ou mais parâmetros indicam que a pessoa é frágil”, explica Yeda.

O grupo de 689 pessoas, representativo da população paulistana com mais de 75 anos, foi acompanhado a cada seis meses por dois anos. A primeira visita, de 2006, mostrava que o subgrupo de não-frágeis correspondia a 31% da população. Os pré-frágeis eram 54,9% e os frágeis eram 14,1%. Em 2008, a parcela dos pré-frágeis caiu ligeiramente, para 49,1%. Mas houve aumento brutal dos frágeis (45,4%) e queda dos não-frágeis (5,6%).

“Estimamos que há 1,2 milhão de idosos na cidade de São Paulo e nossa pesquisa mostrou que metade deles é frágil”, ressalta a pesquisadora. “Não adianta trabalhar para que as pessoas vivam mais se não pudermos fazer com que elas envelheçam com qualidade de vida. Por isso achamos fundamental conhecer os fatores determinantes da fragilidade, que é uma condição que leva à dependência e ao sofrimento”, destacou Yeda.


Entre os idosos frágeis visitados em 2008, uma parcela de 46,9% sofreu quedas e 30,6% mostraram necessidade de um cuidador, pois não conseguiam realizar sozinhos tarefas como comer, tomar banho ou levantar-se de uma cadeira. Entre os frágeis que caíram, 53,5% foram hospitalizados. Desses, 50% procuraram serviços de urgência.


*Com informações da Agência Fapesp (por Fábio de Castro)