quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

No Brasil, os idosos movimentam R$ 255,6 bilhões por ano

O Brasil tem 21 milhões de pessoas com mais de 60 anos que movimentam R$ 255,6 bilhões por ano - 68,1% desse total são benefícios de aposentadoria, pensão por morte e assistência social, de acordo com as contas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Só na Previdência Social o país gasta 14% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços do país), e os dados oficiais registram déficit de R$ 41,9 bilhões.

Na última década, a proporção de idosos passou de 8,8% para 11,1% do total da população, numa expansão mais rápida do que em muitos países europeus, mostra reportagem de Fabiana Ribeiro, que abre uma série sobre idosos que começa a ser publicada neste domingo pelo jornal O GLOBO.

De acordo com a reportagem, o envelhecimento populacional é resultado de conquistas do passado, como queda na mortalidade infantil e avanços na saúde. Some-se a isso a redução na taxa de fecundidade brasileira que possivelmente fará com que, a partir de 2030, a população comece a encolher. Em paralelo, o total de idosos começaria a ultrapassar o de jovens de 15 a 29 anos, prevê a pesquisadora Ana Amélia Camaramo, do Ipea.

- O Brasil desfruta de uma das maiores conquistas sociais da segunda metade do século XX, verificada em quase todo o mundo: a redução da mortalidade em todas as idades. Isso resultou no aumento da esperança de vida, em que mais e mais pessoas atingem idades avançadas. Uma das certezas que se pode vislumbrar para o futuro próximo é o crescimento a taxas elevadas de idosos vivendo mais tempo.

Embora a conquista mereça ser comemorada, o envelhecimento aumenta a despesa previdenciária - explicou a especialista do Ipea.

E não há consenso sobre as medidas que devem ser adotadas para sanar o déficit previdenciário. Vinicius Pinheiro, especialista sênior para a América Latina da Organização Internacional do Trabalho (OIT), já houve avanços na discussão brasileira, como a inclusão da expectativa de vida no cálculo previdenciário.

- O Brasil envelheceu mais rapidamente nos últimos 30 anos do que a Inglaterra nos últimos 100. É claro que isso vai significar uma pressão sobre as contas da Previdência, principalmente porque não existe no Brasil uma idade mínima para receber a contribuição - diz.

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José Márcio Camargo, professor do Departamento de Economia da PUC-Rio, faz os cálculos: o Estado brasileiro gasta 15,6 vezes mais com os idosos do que na educação de suas crianças.

- O país deveria investir mais no futuro, ou seja, nas crianças. É claro que mantendo o bem-estar dos idosos. Mas o sistema é bastante benevolente com o idoso - disse Camargo, para quem os gastos com saúde dos idosos vão continuar a crescer, devido ao envelhecimento.

Além das questões financeiras, o "direito de envelhecer" esbarra no preconceito da sociedade brasileira, ponderou o cientista social José Carlos Libânio, ex-coordenador de desenvolvimento humano da Organização das Nações Unidas (ONU)-Brasil:

- Uma das queixas que atravessa gerações é o desrespeito ao idoso. Ao contrário do que acontece em outros países, como o Japão, o Brasil discrimina e desvaloriza o seu idoso. De certa maneira, os próprios idosos se desvalorizam: muitos entendem que o idoso é semp