quarta-feira, 22 de maio de 2013

Brasil tem aumento da expectativa, mas idosos perdem qualidade de vida

Em dez anos, a expectativa média de vida aumentou de 68 para 74 anos. O número de idosos incapazes entre 70 e 74 anos foi de 30% para 40%.
Uma pesquisa aponta que, apesar do aumento da expectativa de vida, os idosos brasileiros perderam qualidade de vida.

Para viver bem, é preciso prevenir doenças crônicas, como o diabetes. A prevenção deve começar o quanto antes, mas mesmo quem já está com alguns anos a mais também pode melhorar a qualidade de vida.

Dona Gracinda dá seus pulos para manter a forma e impedir que artrite atrapalhe a vida. “É necessário. Não é vaidade, é necessidade”, diz.
Ela faz parte de um grupo de ginástica montado só para pessoas da terceira idade. “Nós buscamos resgatar a independência diária deles. Uma vez que a sua funcionalidade vai ficando mais carente, você precisa de exercício que seja adequado às suas condições físicas”, afirma a instrutora Adriana Abadt.

Os bons exemplos não são suficientes para mudar um quadro preocupante. Um estudo médico em São Paulo mostra que a expectativa e a qualidade de vida dos brasileiros estão caminhando em direção opostas.

A pesquisa, feita na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, avaliou duas gerações de idosos nos anos 2000 e 2010. O critério de comparação foi o percentual de pessoas incapazes - sem condições de fazer tarefas mínimas - dentro de cada grupo, por causa de doenças crônicas, como hipertensão, problemas no coração e pulmão, diabetes e doenças nas articulações.

Em dez anos, a expectativa média de vida de homens e mulheres aumentou de 68 para 74 anos. Já o número de incapazes entre 60 e 64 anos subiu de 27% para 32%. Entre os idosos de 70 e 74 anos, foi ainda maior: de quase 30% para 40%.
Para o geriatra Alessandro Gonçalves Campolino, que coordenou a pesquisa, se o país se dedicasse à prevenção de doenças crônicas também na terceira idade, mais idosos poderiam aproveitar melhor os anos de vida que restam. “Muita gente às vezes acha que a pessoa já está em uma fase de vida mais avançada e que não precisa mais fazer medidas preventivas porque as doenças já estão instaladas. Isso na verdade é um preconceito. 

O estudo está mostrando que mesmo nas faixas etárias mais avançadas, acima dos 75 anos, se essas doenças fossem controladas as pessoas viveriam ainda mais tempo e com mais qualidade de vida”, afirma.

Germano Augusto tem 75 anos e nenhuma doença crônica. Ele diz qual é o segredo: “Exercício e boa alimentação. E não fumar e não beber”, diz o publicitário.

Há 20 anos, os médicos acreditavam que o limite máximo para o aparecimento de doenças crônicas não apareceria com o aumento da expectativa de vida. Hoje, se sabe que a prevenção pode adiar o surgimento dessas doenças. Ou seja, dá para viver mais e melhor.