quinta-feira, 3 de maio de 2012

“Quem cuidará de nós em 2030?”


Desafios do Projeto “Quem cuidará de nós em 2030?”


“As pessoas levam 60 anos para envelhecer e, num futuro próximo, terão tudo para viver outros 60. Esses anos a mais devem ser vividos de maneira independente, ativa e saudável”, afirma a pesquisadora Bernadete de Oliveira.30/04/2012 - por Redação Portal na categoria 'Academicas'

“Quem cuidará de nós em 2030?” Este foi o título da conferência realizada no Parque do Lago Francisco Rizzo em Embu das Artes, por meio da Secretaria municipal de Participação Cidadã. Um tema preocupante, muitas vezes, evitado e até negado por muitos que julgam que este momento nunca chegará.


O Projeto “Quem Cuidará de Nós em 2030” engloba uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo, Universidade de Brasília, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Universidade Católica de Brasília com milhares de idosos e profissionais da saúde, em vários pontos das regiões da Grande São Paulo e do entorno de Brasília. 



Paulo Vicente, secretário adjunto de Participação Cidadã, confirma a necessidade e a importância da pesquisa considerando que o contingente de brasileiros com 60 anos ou mais já se aproxima dos 18 milhões de cidadãos, o que representa cerca de 10% da população. Até 2030 espera-se que este número dobre, configurando assim um processo de envelhecimento populacional. 



O Projeto e a Participação Acadêmica

O Projeto “Quem cuidará de nós em 2030?”, foi encomendado pelo Ministério da Saúde à PUC paulista, à Universidade de Brasília (UnB), à Universidade de São Paulo (USP) e à Universidade Católica de Brasília (UCB). O objetivo é mapear os serviços atualmente disponíveis à população idosa e as demandas nos municípios das regiões metropolitanas de São Paulo e do Distrito Federal, que podem ser consideradas amostras do que acontece no resto do país. 


Outra meta é listar o que gestores e integrantes de conselhos de saúde e do idoso entendem como essencial para um atendimento global de qualidade a esse segmento décadas adiante. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 30% dos brasileiros terão 60 anos ou mais em 2030. 



A ideia é que as universidades contribuam acadêmica e socialmente nas questões e impasses relacionados ao futuro do idoso. Utilizando uma metodologia prospectiva, a proposta é realizar um trabalho interdisciplinar e interinstitucional para investigação sobre os cuidados e serviços disponíveis na atualidade para o segmento geriátrico da população, além de se propor a investigar quais os cuidados e serviços são desejáveis para as pessoas em sua velhice em um futuro distante. 



Trabalho em campo

A agente Patrícia Ferreira Martins, da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Canhema, em Diadema (SP) acompanhada pela enfermeira Danila Barbieri Jiunta, visitam a dona de casa Ana Cesárea Tiago, de 76 anos, que esteve internada devido à erisipela, infecção da pele muito comum em diabéticos, obesos e em quem tem má circulação sanguínea nas pernas. As duas conversam com dona Ana e recomendam a seu marido, Aníbal Barreto, 78 anos, e à filha do casal, Ana Maria, que a leve de volta ao hospital porque o inchaço ainda é grande e requer cuidados. 


Frequência

Normalmente, Patrícia visita as famílias a cada dois meses. E, a cada mês, aquelas em que há portadores de pressão alta e diabetes. Os relatórios do quadro de saúde são enviados à equipe médica da UBS responsável pelas intervenções necessárias. 


Trabalho reconhecido

Elogiada pelos usuários e por especialistas, a atuação dos agentes do Programa da Saúde da Família (PSF), que em Diadema cobre 100% do município, beneficia, sobretudo a pessoa idosa.


Bernadete de Oliveira, pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e da organização não governamental Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (Olhe), além de pesquisadora do Projeto “Quem cuidará de nós em 2030?”, afirma: “Embora muito básico, esse tipo de atendimento ainda não existe em muitos lugares”. 



A pesquisadora aborda as carências enfrentadas pela população: “Na zona rural de municípios da Grande São Paulo, que tem população idosa maior do que pensávamos, a situação é pior. Há muitas pessoas doentes, acamadas, muitas vezes isoladas em quartinhos insalubres, sem janela nem banheiro. Estão marginalizadas, esquecidas”. Na periferia das cidades, onde a grande concentração populacional contrasta com a oferta insuficiente de todo tipo de assistência, a situação é ainda mais séria. 



A problemática do envelhecimento

- Assistência à saúde, 
- Educação permanente e cuidados. 
- As famílias, as instituições sociais, os gestores públicos, médicos geriatras e outros especialistas precisam ser preparados e apoiados para que a longevidade caminhe ao lado da qualidade de vida – bem diferente do que acontece hoje em dia. 


Indicadores dos dados coletados no segundo semestre de 2011

- Carência de centros de referência em todos os municípios pesquisados, inclusive nos mais ricos, 
- A oferta desses centros nem sempre é suficiente para a qualidade de vida de quem os frequenta, 
- Faltam especialistas de diversas áreas que atuem de maneira integrada para proporcionar saúde, educação permanente, artes, lazer, cultura e 
- Novas perspectivas de qualidade de vida para quem chegou à maturidade e ainda terá muitos e muitos anos pela frente. 


Reflexão

Bernadete afirma: “As pessoas levam 60 anos para envelhecer e, num futuro próximo, terão tudo para viver outros 60. Esses anos a mais devem ser vividos de maneira independente, ativa e saudável. É inaceitável que numa fase da vida que pode se prolongar por tantas décadas a rotina de uma pessoa se limite a consultas e tratamento médico. Mais do que saúde, que é básica, o idoso tem direito a uma vida plena que inclui conforto espiritual, felicidade, harmonia com a família. Temos de pensar políticas para isso”. 


Referências

OLIVEIRA, C. (2012). Como viver em 2030? Disponível emhttp://www.redebrasilatual.com.br/revistas/70/cidadania. Acesso em 22/04/2012.   
BARCELOS, A. (2012). Embu das Artes apresenta pesquisa nacional sobre condições de saúde dos idosos. Disponível em http://www.embu.sp.gov.br/e-gov/noticia/index.php?ver=4605. Acesso em 22/04/2012.