segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O número de internações por infarto nos hospitais públicos teve um crescimento de 70%

Entre 2000 e 2009, o número de internações por infarto nos hospitais públicos saltou de 40.143 para 68.538, um crescimento de 70%. O número de mortes em todo o país acompanhou esse aumento, mas foi bem menor, de 25% – subiu de 59.297 em 2000 para 74.538 óbitos em 2008.

Esses dados, levantados pelo Ministério da Saúde a pedido do R7, mostram que, apesar de mais pessoas sofrerem infarto, os serviços de saúde têm conseguido evitar as mortes. O que preocupa, no entanto, não é o atendimento, mas os fatores que levam um paciente a ficar com as artérias entupidas. Problemas como colesterol alto, tabagismo e excesso de peso já são bastante conhecidos dos brasileiros, mas, ainda assim, provocam cada vez mais consequências na população, como o infarto.

Esse problema no coração ocorre quando as artérias coronárias ficam entupidas e não conseguem mais levar sangue até o órgão, o que compromete seu funcionamento. Por isso, para evitar a morte, é crucial que a pessoa infartada receba o atendimento adequado o mais rápido possível.

Os números de internações do Ministério da Saúde somam todas as ocorrências do SUS, o que exclui os registros feitos pelos planos de saúde. Para o médico Carlos Alberto Machado, da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), o atendimento aos pacientes infartados tem sido realmente eficiente, mas tanto os serviços de saúde como a população precisam ter mais atenção aos fatores de risco para que o número de infartos não continue subindo.

- Falta mais trabalho de base, mais capacitação dos profissionais de saúde, não somente de médicos.

De acordo com o cardiologista César Jardim, do Hospital do Coração, o agravamento dos fatores de risco acaba freando a melhoria no atendimento e o próprio desenvolvimento da medicina.

- Esses números refletem um paradoxo. Por mais que a medicina avance, ainda morrem muitas pessoas de problemas cardíacos, e isso está relacionado aos hábitos modernos de vida.

Mas apesar de os pacientes conhecerem os fatores de risco, o cardiologista Sílvio Reggi, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), lembra que não é tão simples fazer o controle dessas doenças.

- Um hipertenso precisa tomar vários remédios, associado a exercícios aeróbicos, fazer dieta. Mesmo as pessoas com mais vontade não fazem tudo da maneira 100% certa.


A faixa etária que mais registra internações por infarto no Brasil é a de 50 e 69 anos, que registrou aumento de 80% desde 2000. Enquanto naquele ano foram 20.279 ocorrências, em 2009 foram 36.645 hospitalizações nessa idade, o que representa 53% de todos os casos do ano passado.

Outro ponto que contribui para o aumento das internações é que, segundo Reggi, os pacientes têm mais acesso aos tratamentos, o que permite que eles vivam mais tempo. Assim, é maior o número de pessoas com as doenças associadas e, portanto, com mais chances de sofrer um infarto.

No entanto, cuidar dessas doenças associadas fica mais complicado a cada ano. Como vem crescendo o número de pessoas que sofrem com problemas de peso, colesterol, hipertensão, tabagismo, entre outros fatores, o médico da Unifesp afirma que os gastos com profissionais de saúde e com medicamentos só tendem a crescer.

- Precisamos focar mais na prevenção primária, no controle desses problemas que levam um paciente ao infarto.

Unifesp