quarta-feira, 14 de julho de 2010

Vicente Hoslandi Freire comemora hoje o centenário de nascimento, com muita disposição e sem doenças.


Políticas públicas mais eficazes de atenção ao idoso se fazem necessárias diante do aumento da população

O aposentado cearense Vicente Hoslandi Freire completa hoje 100 anos, e integra o seleto grupo de centenários do Estado. Nascido no dia 14 de julho de 1910, ele diz que o segredo para atingir a longevidade é manter os hábitos e amar a vida. "Sempre fui amante da boêmia, nunca dispensei uma cachaça, isso quando era da boa, e jamais me estraguei com mulher", disse.

Ao longo de um século, Freire, que consertava rádios, nunca sofreu de nenhum mal oriundo da idade avançada. Para se ter uma ideia, ele não é hipertenso, não tem diabetes, nem colesterol alto. "Meu coração é de criança, nunca soube o que é ter uma dor de cabeça, e olhe que como minha feijoada todo dia, mantenho os mesmos hábitos que tinha quando era jovem".

Atualmente o senhor de 100 anos, que tocou muita viola ao lado Ataulfo Alves, madrugando no histórico bar Estoril, não toma mais a sua cachacinha diária, porém quem o conhece vê que ele mantém a mesma energia. "Ora mais, se deixar ele passa o dia na calçada cantando e proseando com a vizinhança", conta a filha Celeste Freire.

O ideal de longevidade não é mais um sonho tão distante, os mecanismos que nos levariam ao envelhecimento bem sucedido parecem ter sido descobertos. Pelo menos é o que comemoram os estudiosos da área, com o recente mapeamento dos 19 tipos de combinações possíveis entre os 150 genes mais frequentes em pessoas centenárias.

Para o geriatra João Macêdo Coelho, da Universidade Federal do Ceará (UFC), isso significa oportunidades para o desenvolvimento de intervenções médicas que contribuiriam para a longevidade bem sucedida, ou seja, a criação de tratamentos para retardar o processo de degradação das células, acrescentando aí muitos anos de vida. O rápido crescimento da população de idosos e a celeridade de descobertas nos estudos a cerca da longevidade volta para as esferas governamentais a cobrança pela criação de políticas públicas voltadas para essa etapa da vida. Para se ter uma ideia, somente em Fortaleza existem 202.814 idosos.

De acordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), existiam, somente no Ceará, no ano de 2000, 1.089 centenários, o que demonstra um aumento considerável de 322% em quatro anos, já que em 1996 essa população era de apenas 258 centenários.

Diante desse cenário, Macêdo atenta para a necessidade do governo voltar sua atenção para organização de serviços na área de saúde afim de atender a necessidade dessa população. "Nós estimamos que existam 17 mil idosos na Capital com a doença de Alzheimer, porém apenas 2.200 são atendidos pelo Centro de Atenção ao Idoso, do Hospital Universitário Walter Cantídio, ou seja, nós temos uma capacidade limitada de atendimento", informou.

A coordenadora de Saúde do Idoso, da Secretaria de Saúde do Município (SMS), Virna Frota Moraes, reconhece que ainda falta muito a ser construído para ser ter uma política de atenção eficaz ao idoso,