Bingo, jogo do bicho, corrida de cavalos ou então aquelas maquininhas eletrônicas de apostas onde o som das moedas entrando se confundem com a cacofonia eletrônica que lembram os velhos videogames. Não parece nada sério. Diversão barata e um tanto quanto datada, diriam alguns. O público desse tipo de jogo parece ainda mais inofensivo, afinal são senhores e senhoras de cabelos brancos. Avôs e avós que parecem ingênuos e não combinam com o perfil do jogador patológico.
Pois saiba que é cada vez mais crescente o número de idosos que estão vulneráveis a esse transtorno. O jogo patológico na terceira idade atinge pessoas com mais de 50 anos e que por diversos motivos se vêm enfrentando um padrão de comportamento compulsivo onde as perdas financeiras e sociais não impedem a recorrência das apostas e dos riscos. Os jogadores patológicos perdem o controle sobre quando e o quanto jogam.
“Diferente dos adultos jogadores patológicos os idosos possuem mais tempo livre e um nível sócio econômico mais elevado. Não que eles ganhem mais, mas possuem vidas mais estáveis e uma série de bens de consumo que acumularam durante a vida. Eles também podem estar sofrendo com a diminuição do seu círculo de amizades e contatos sociais, com 0 distanciamento da família ou mesmo com a morte de entes queridos. Isso tudo faz com que eles estejam mais vulneráveis a desenvolver o jogo patológico”, explica Cecília Galleti, psicóloga clínica, pesquisadora do IPq (Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP) e colaboradora do Programa Ambulatorial do Jogo Patológico (PROAMJO).
O jogo acaba tendo impacto econômico na vida desses idosos e pioram a situação de interação social. Os laços afetivos fora do ambiente de jogo se tornam ainda mais frágeis e o isolamento pode piorar.
Cecília é responsável por uma pesquisa que acompanhou diversos pacientes idosos que participam de grupos de apoio para o tratamento do jogo patológico e aponta algumas características desse grupo. “Atendemos jogadores patológicos, na grande maioria, acima dos 60 anos e que, ao contrário de outros grupos de idosos, tinham acesso à informação e procuraram ajuda para se tratar”, explica.
O detalhe é importante, segundo a pesquisadora, pois ainda não se sabe a real extensão do problema nesse público específico. “Trabalhamos com a estimativa de que menos de 10% desse público procure ajuda, ou seja, não temos dimensão dos números reais de pessoas nessa idade acometidas do transtorno do jogo patológico”, diz Cecília.
Diferenças entre os homens e mulheres atendidos
“Os homens costumam apresentar o hábito do jogo há mais tempo. Mas somente depois de muito tempo é que o comportamento se torna patológico. Nas mulheres o hábito se instaura já na velhice, mas elas apresentam uma rápida progressão da doença e também procuram ajuda mais rápido. Os homens, nesses casos, esperam mais tempo e normalmente já os atendemos quando o comportamento é intenso”, afirma a psicóloga.
O que pode contribuir para que essas pessoas procurem ajuda é o nível de informação. “O grande problema com os idosos é o certo isolamento da informação. Não são todos que acessam a internet ou que têm a referência de algum amigo ou familiar que os encaminhe”, diz Cecília.
Para a pesquisadora seria importantíssimo que os médicos especialistas, como geriatras e gerontólogos deveriam estar mais atentos ao início desses hábitos. “Seria importantíssimo que esses profissionais incluíssem na prática clínica conversar com os pacientes sobre hábitos que podem se transformar em um vício, como saber se eles estão bebendo com mais regularidade ou se estão se envolvendo com jogos de azar – aqueles onde o resultado não depende somente da habilidade do jogador, mas possuem fatores como a aleatoriedade envolvida, como os jogos citados ou o carteado”, aponta.
Com isso, a detecção da instalação do transtorno de jogo patológico poderia ter no consultório uma frente de encaminhamento eficaz. Nos próximos meses, uma pesquisa nacional sobre o assunto deve ficar ser apresentada ao público. Hermano Tavares, coordenador do PROAMJO/IPq e que participou na pesquisa de Cecília, também coopera com o projeto. Será o primeiro levantamento nacional sobre o uso abusivo de álcool, drogas e jogo e contemplará o problema crescente entre os idosos.
Fonte: Agência USP
Pois saiba que é cada vez mais crescente o número de idosos que estão vulneráveis a esse transtorno. O jogo patológico na terceira idade atinge pessoas com mais de 50 anos e que por diversos motivos se vêm enfrentando um padrão de comportamento compulsivo onde as perdas financeiras e sociais não impedem a recorrência das apostas e dos riscos. Os jogadores patológicos perdem o controle sobre quando e o quanto jogam.
“Diferente dos adultos jogadores patológicos os idosos possuem mais tempo livre e um nível sócio econômico mais elevado. Não que eles ganhem mais, mas possuem vidas mais estáveis e uma série de bens de consumo que acumularam durante a vida. Eles também podem estar sofrendo com a diminuição do seu círculo de amizades e contatos sociais, com 0 distanciamento da família ou mesmo com a morte de entes queridos. Isso tudo faz com que eles estejam mais vulneráveis a desenvolver o jogo patológico”, explica Cecília Galleti, psicóloga clínica, pesquisadora do IPq (Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP) e colaboradora do Programa Ambulatorial do Jogo Patológico (PROAMJO).
O jogo acaba tendo impacto econômico na vida desses idosos e pioram a situação de interação social. Os laços afetivos fora do ambiente de jogo se tornam ainda mais frágeis e o isolamento pode piorar.
Cecília é responsável por uma pesquisa que acompanhou diversos pacientes idosos que participam de grupos de apoio para o tratamento do jogo patológico e aponta algumas características desse grupo. “Atendemos jogadores patológicos, na grande maioria, acima dos 60 anos e que, ao contrário de outros grupos de idosos, tinham acesso à informação e procuraram ajuda para se tratar”, explica.
O detalhe é importante, segundo a pesquisadora, pois ainda não se sabe a real extensão do problema nesse público específico. “Trabalhamos com a estimativa de que menos de 10% desse público procure ajuda, ou seja, não temos dimensão dos números reais de pessoas nessa idade acometidas do transtorno do jogo patológico”, diz Cecília.
Diferenças entre os homens e mulheres atendidos
“Os homens costumam apresentar o hábito do jogo há mais tempo. Mas somente depois de muito tempo é que o comportamento se torna patológico. Nas mulheres o hábito se instaura já na velhice, mas elas apresentam uma rápida progressão da doença e também procuram ajuda mais rápido. Os homens, nesses casos, esperam mais tempo e normalmente já os atendemos quando o comportamento é intenso”, afirma a psicóloga.
O que pode contribuir para que essas pessoas procurem ajuda é o nível de informação. “O grande problema com os idosos é o certo isolamento da informação. Não são todos que acessam a internet ou que têm a referência de algum amigo ou familiar que os encaminhe”, diz Cecília.
Para a pesquisadora seria importantíssimo que os médicos especialistas, como geriatras e gerontólogos deveriam estar mais atentos ao início desses hábitos. “Seria importantíssimo que esses profissionais incluíssem na prática clínica conversar com os pacientes sobre hábitos que podem se transformar em um vício, como saber se eles estão bebendo com mais regularidade ou se estão se envolvendo com jogos de azar – aqueles onde o resultado não depende somente da habilidade do jogador, mas possuem fatores como a aleatoriedade envolvida, como os jogos citados ou o carteado”, aponta.
Com isso, a detecção da instalação do transtorno de jogo patológico poderia ter no consultório uma frente de encaminhamento eficaz. Nos próximos meses, uma pesquisa nacional sobre o assunto deve ficar ser apresentada ao público. Hermano Tavares, coordenador do PROAMJO/IPq e que participou na pesquisa de Cecília, também coopera com o projeto. Será o primeiro levantamento nacional sobre o uso abusivo de álcool, drogas e jogo e contemplará o problema crescente entre os idosos.
Fonte: Agência USP