segunda-feira, 5 de agosto de 2013

PREVIDÊNCIA - Número crescente de idosos preocupa

Expectativa de vida dos brasileiros cresce e número de idosos pode se aproximar do número de jovens os próximos 20 anos. Foto: Viola Júnior/Esp. CB/D.A Press/Arquivo
A expectativa de um Brasil em que o número de idosos se aproxime da quantidade de jovens nos próximos 20 anos é motivo de preocupação para o setor de convênios médicos. O diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), André Longo, coloca o tema como prioridade da reguladora. Isso porque, nos próximos 15 anos, a estimativa é de que os gastos dos planos com serviços relativos a idosos passem de 27% do total, em 2010, para 42%, segundo o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

“O envelhecimento rápido da população é um desafio para o setor porque aumenta os custos, em razão da maior tendência de utilização dos serviços”, explica Longo. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta semana, a Tábua de Mortalidade da população brasileira, que fixa em 81 anos a esperança de vida de quem já chegou aos 60.

A situação é agravada, segundo o presidente da ANS, pela queda na taxa de fecundidade. “Isso vai afetar o setor, porque existe um pacto entre gerações para que o plano de saúde funcione. Pessoas mais jovens sustentam os idosos, que utilizam mais os serviços”, pontua. Segundo a diretora de atendimento do Procon-SP, Selma do Amaral, os planos estão preocupados com a impossibilidade, estabelecida em lei, de reajustar os convênios de idosos após eles completarem os 60 anos. Isso não impede, no entanto, os abusos que ocorrem antes disso.

A professora Marialva Rosa de Souza, por exemplo, recebeu como presente de aniversário pelos 59 anos um aumento de 131% na mensalidade do plano da SulAmérica. O boleto passou de R$ 422, em dezembro, para R$ 978 em janeiro. Ela entrou com uma ação na Justiça e ganhou uma liminar que restaurou o valor original. Se mandar uma cobrança com outro valor, a empresa terá de pagar R$ 1,5 mil de multa. 

O advogado de Marialva é seu filho, Marcelo Batista de Souza. Segundo ele, já existem duas dezenas de decisões favoráveis a usuários de planos de saúde no Distrito Federal que receberam cobranças com aumento abusivo. “Para não ferir o Estatuto do Idoso, as operadoras antecipam aumentos, mas isso contraria o Código de Defesa do Consumidor”, argumenta o advogado.

Sacrifício

Com uma aposentadoria de apenas um salário mínimo, Florentino Vieira Barreto, 76 anos, desistiu do plano de saúde há dois anos. “Minha filha arcava com a mensalidade, mas começou a ficar muito caro e pedi que ela deixasse de pagar”, diz o ex-cliente da Amil. “Além do meu, ela bancava o dela, do meu neto e da minha esposa”, acrescenta. Ele optou por cancelar o contrato porque, na época, não tinha problemas de saúde. Hoje, a ausência de cobertura faz falta. Há um ano, descobriu um câncer na próstata. Sem o convênio médico, Florentino utiliza o Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento com radioterapia. “Não quero sacrificar o orçamento da minha família para voltar a ter o benefício, mas se a doença evoluir não vejo outra solução, porque as internações particulares são muito caras”, avalia.

Aposentada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Niude Pereira Espírito Santo, 67 anos, ficou febril durante 45 dias, em dezembro do ano passado, sem atendimento pelo plano de saúde da Unimed. “Fui várias vezes na ouvidoria da empresa. Me passavam números de clínicas que, ou não aceitavam mais o convênio, ou apenas marcariam consulta em dois ou três meses. No próprio hospital também não consegui ser atendida”, reclama.

Após exames, Niude descobriu que está com um quisto no ovário e um nódulo no busto. “A Unimed indicou uma clínica. Consegui agendar um consulta para junho. Mas depois precisei remarcar”, lembra. A indignação é tanta que Niude pensa em largar o convênio. “Não justifica eu pagar R$ 742,60 para não ter um serviço de qualidade”, diz. A Unimed afirma que tem uma comissão que está estudando maneiras de melhorar a qualidade de vida dos idosos, por exemplo, por meio de um modelo de assistência integral já praticado em alguns países há muito tempo.

Alternativas

Na tentativa de minimizar os impactos no setor, a ANS divulgou recentemente o projeto do VGBL Saúde, em parceria com a Superintendência de Seguros Privados (Susep). Trata-se de uma espécie de previdência privada que permite a retirada do fundo para financiar as mensalidades de plano de saúde. A proposta está sob análise do Ministério da Fazenda.

Segundo o presidente da agência reguladora, André Longo, todo o entendimento que prevalece na área deve ser modificado para que o sistema consiga se preparar para o futuro. “Hoje, o foco está no tratamento da doença. A orientação da ANS, no entanto, é de que as operadoras passem a fomentar mais programas de prevenção de riscos e promoção da saúde”, ressalta.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Descoberto processo para bloqueio de dor inflamatória


Hérika Dias - USP

Fractalcina

Estudo desenvolvido por pesquisadores da Faculdade Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP pode ajudar na elaboração de medicamentos para o controle de dores inflamatórias, como as que acompanham a artrite reumatoide.

Eles descobriram que uma proteína, a fractalcina, está envolvida na indução das dores crônicas de origem inflamatória.

O estudo sugere que o bloqueio periférico dos receptores dessa proteína seja o alvo potencial para o controle desses tipos de dores.

Segundo o professor Thiago Mattar Cunha, pela primeira vez conseguiu-se demonstrar a existência de um tipo celular que participa do processo de indução e manutenção da dor: são as chamadas células satélites.

Encontradas exclusivamente nos gânglios raízes dorsais, elas envolvem os neurônios que carregam a dor e têm sua ativação mediada por uma proteína, a fractalcina.

Essa proteína já havia sido descrita em processos dolorosos, mas nenhum estudo tinha associado a fractalcina com a ativação da célula satélite.

"Se nós conseguirmos desenvolver um medicamento que bloqueie esse processo, podemos diminuir a dor. Sabemos que têm indústrias farmacêuticas tentando desenvolver substâncias para bloquear o efeito dessa proteína. Talvez essas drogas possam servir como novos analgésicos contra dores inflamatórias", explica Thiago.

Dor crônica

A doença mais prevalente entre as doenças inflamatórias e que tem como principal sintoma a dor é a artrite reumatoide.

No entanto, o pesquisador lembra que a pesquisa pode contribuir para, num futuro próximo, amenizar dores de pessoas que sofrem com osteoartrite, gota, doenças reumáticas em geral, além de traumas cirúrgicos e torções.

Extinção da morte natural

INFORMAÇÃO AGÊNCIA USP

Discussões bioéticas a respeito da terminalidade da vida, no Brasil, estão defasadas e comprometidas por maniqueísmos.

Esses preconceitos prejudicam a construção de diretrizes que poderiam tratar doentes terminais de forma mais humanizada.

"O atraso na agenda bioética brasileira é gritante," diz Henrique Moraes Prata, que estudou a forma como a morte vem sendo encarada nos hospitais e pela sociedade como um todo.

Para ele, a obstinação terapêutica com relação aos pacientes terminais fere princípios de direitos da personalidade.

Dados do Ministério da Saúde mostram que 74% das mortes no Brasil ocorrem em ambiente hospitalar. "Com filtro oncológico, sobe para 82%", diz Henrique.

Esses números causam reflexão diante da ideia de "morte natural" presente no conceito de ortotanásia.

O termo abrange definições que implicam em um fim de vida digno e sem interferência tecnológica desnecessária.

Dificuldade para morrer

Com as possibilidades atingidas pela medicina, a morte em momento natural tornou-se quase que uma exceção, segundo Henrique.

O pesquisador analisa a ideia do que seria o tratamento adequado para pacientes terminais.

"Cuidar é pensar a pessoa como um ser único, com suas características individuais preservadas, e não investir em cuidados despersonalizados como se o paciente fosse apenas um conjunto de sintomas", diz. "Existe um contrassenso que a sociedade medicalizada impõe às pessoas: ao longo da existência saudável, um aumento substancial dos fatores de qualidade e expectativa de vida (feliz); ao final, dificuldades para se morrer com dignidade".

Diante deste paradoxo, Henrique propõe debater a legislação específica para garantir morte digna à pessoa enferma em fase terminal, e evitar procedimentos dolorosos e desproporcionais, caracterizadores do que se costuma chamar de futilidade terapêutica.

Diante deste paradoxo, Henrique propõe debater a legislação específica para garantir morte digna à pessoa enferma em fase terminal, e evitar procedimentos dolorosos e desproporcionais, caracterizadores do que se costuma chamar de futilidade terapêutica.

Ele propõe reflexões baseadas no conceito da ética de Emmanuel Lévinas, que o define não com a visão individualista comum, mas com o conceito de alteridade, no qual "o rosto do outro é o meu próprio reconhecimento".

Cuidados paliativos

Desde 2002, a Organização Mundial de Saúde define os cuidados paliativoscomo um elemento essencial da composição do tratamento do doente numa abordagem multidisciplinar que lhe garanta qualidade.

Henrique diz que, em cuidados paliativos, substitui-se a esperança na recuperação por novas esperanças, como o controle de sintomas, o bem-estar integral e a dignidade do enfermo e também de sua família.

Não há que se falar em "encurtamento da vida, uma vez que essa já estaria no seu esgotamento natural. É a qualidade da vida que resta que deve ser garantida", diz.


O Conselho Federal de Medicina (CFM), em 2006, dispôs sobre a ortotanásia e, em 2012, sobre diretivas antecipadas por meio das quais a pessoa esclarece seu desejo acerca de tratamentos de saúde futuros.

Existe também o projeto de lei 6.715 de 2009, que trata sobre a adoção da ortotanásia e de cuidados paliativos. No entanto, a tramitação está parada em razão do posicionamento conservador do Poder Legislativo.

Henrique diz que as discussões sobre o tema estão distanciadas do interesse público e prejudicam a análise desta questão que traz sérias implicações para o SUS. "Cuidados paliativos se caracterizam por baixo custo e elevado afeto, conceito muito mais afeito a uma política de saúde pública, que tem seu centro na pessoa", diz.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Cientistas dizem estar perto de criar exame de sangue para Alzheimer

VIA g1


Nova técnica mostra diferenças entre minúsculos fragmentos de material genético que flutuam no sangue.


Pesquisadores dizem estar perto de identificar Alzheimer com exame de sangue (Foto: Getty/BBC)
Pesquisadores dizem estar perto de identificar
Alzheimer com exame de sangue (Foto: Getty/BBC)
Cientistas alemães afirmam que acreditam estar próximos de criar um novo exame de sangue para diagnosticar o Mal de Alzheimer.
Ainda não há um exame definitivo para a doença, e os médicos atualmente contam apenas com testes de cognição e exames de imagens do cérebro para identificar o problema.
Um dos grandes desafios relacionados à doença é identicar novas formas de conseguir um diagnóstico precoce.
Com isso, espera-se que, no futuro, talvez até anos antes dos primeiros sintomas, os tratamentos possam começar antes que grandes partes do cérebro sejam comprometidas. Mas, para isso, novos exames serão necessários.
A nova técnica, divulgada na revista especializada "Genome Biology", apontou diferenças nos minúsculos fragmentos de material genético flutuando no sangue que poderiam ser usados para identificar pacientes com a doença.
Até o momento, apenas 202 pessoas passaram por este exame, mas a precisão neste grupo foi de 93%.
Níveis diferentes
A equipe da Universidade de Saarland, na Alemanha, analisou 140 microRNAs fragmentos de código genético em pacientes com Alzheimer e em pessoas saudáveis.
Eles encontraram 12 microRNAs no sangue que estavam presentes em níveis diferentes nas pessoas que tinham Alzheimer. Estas amostras se transformaram na base do exame.
Os primeiros testes do exame mostraram que ele "conseguiu diferenciar com grande precisão de diagnóstico os pacientes com Alzheimer e as pessoas saudáveis".
No entanto, mais pesquisas são necessárias para melhorar a precisão do exame e verificar se é possível usá-lo em hospitais.
Eric Karran, de uma organização de caridade britânica especializada em Alzheimer, a Alzheimer Research UK, afirmou que o exame dos cientistas alemães pode representar uma nova abordagem para estudar as mudanças no sangue de pacientes com a doença e também indica que o microRNA tenha influência nos quadros de Alzheimer.
No entanto, para Karran, ainda serão necessários alguns anos para se chegar ao ponto de diagnosticar a doença com um simples exame de sangue.
"Um exame de sangue para ajudar a detectar o Alzheimer pode ser uma adição útil ao arsenal de diagnóstico de um médico, mas este exame deve ser muito bem corroborado antes de ser considerado para o uso."
"Precisamos ver se essas descobertas são confirmadas em amostras maiores, e é preciso mais trabalho para melhorar a habilidade do exame de diferenciar Alzheimer de outras doenças neurológicas", acrescentou.

sábado, 27 de julho de 2013

Nanotecnologia prevê o fim de comprimidos e agulhas

Representada em filmes como o Homem de Ferro 3 e A Viagem Fantástica, deixou as telas de cinema para tornar-se realidade, por exemplo, na pesquisa de novos medicamentos para tratamento de diabetes, dores crônicas, náuseas, hipertensão e anticoncepcionais.

Em 1940, o cientista Albert Sabin, criador da vacina contra a poliomielite, já pesquisava o uso de nanopartículas de ouro no tratamento de reumatismo.

A tecnologia avançada permitirá que pacientes não precisem mais ingerir medicamentos em forma de comprimidos ou aplicar injeções. Já estão no mercado os remédios transdérmicos, administrados por aplicações diretas ou por adesivos que liberam a substância de modo constante. A principal vantagem é a de eliminar ou reduzir os efeitos colaterais.

"Em pouco tempo não vamos precisar tomar mais nada por via oral. No futuro todos os medicamentos serão transdérmicos. Quando a pessoa estiver com dor de cabeça, vai passar o medicamento na têmpora e a dor vai melhorar. No futuro, não vai precisar mais engolir um remédio", explica o professor de biotecnologia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Marco Botelho.


Microaplicador de medicamento substitui injeções sem dor



Segundo Botelho, há estudos para que a aplicação de insulina em pacientes com diabetes dispensem o uso de agulha para dar lugar ao remédio transdérmico. O tratamento de tumores também pode ser beneficiado, com o uso de medicamentos inteligentes, em doses muito menores, que reconhecem e atacam diretamente o tecido doente. Tudo isso é fruto da nanotecnologia, explicou.

O avanço nos estudos da ciência também abriu caminho para os nanocosméticos. Atualmente, o setor empresarial já oferece produtos de preenchimento de rugas por meio de micropartículas de rejuvenescimento, protetor solar mais potente e maquiagem com brilho diferenciado.





A Agência Brasileira de Inovação - antiga Finep - tem em curso uma chamada pública no valor de R$ 30 milhões para o desenvolvimento de produtos ou processos inovadores. O edital voltado para a nanotecnologia, prevê R$ 8 milhões em pesquisas na área higiene pessoal, perfumaria e cosméticos.

De acordo com o coordenador de micro e nanotecnologias do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Flávio Plentz, o Brasil é o segundo mercado de produtos cosméticos e de higiene pessoal no mundo. "É uma área de muito sucesso. Temos várias empresas produzindo e comercializando produtos na área de nanocosméticos. Tem muitos grupos de pesquisas ativos e é uma área que tem impacto econômico muito grande", analisa.

Notícias

Tanto a percepção subjetiva quanto a percepção objetiva da qualidade do sono são alteradas com os ciclos lunares. Leia mais...
Embora seja muitas vezes difícil mudar um hábito como a mastigação, o esforço pode valer a pena. Leia mais...
O crescimento do número de animais de estimação em todo o mundo começa a preocupar os pesquisadores. Leia mais...
As nozes não protegem apenas as mulheres - elas são altamente eficazes para defender também a saúde dos homens. Leia mais...
Eles estão propondo uma abordagem inédita para o estudo de novas terapias contra o câncer. Leia mais...
Os riscos de complicações severas são de 1 em mil para partos caseiros e 2,3 em mil para partos nos hospitais. Leia mais...
Novos medicamentos para tratamento de diabetes, dores crônicas, náuseas, hipertensão e anticoncepcionais são outros frutos da nanotecnologia. Leia mais...
O LNBio está se transformando em um laboratório internacional, um pólo de atração de pesquisadores de todo o mundo. Leia mais...
O Instituto Butantan está se preparando para iniciar os testes clínicos de uma vacina oral contra hepatite B. Leia mais...
As entidades sindicais e representantes da classe médica estão tentando iniciar uma batalha judicial para evitar que o programa decole. Leia mais...